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Encontro Nacional "Psicanálise, autismo e saúde pública"- MPASP



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Por: Karine Ferreira- Graduação em Psicologia UFRJ

Psicanálise Online



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Psicanálise Online...
http://www.apsicanalistaonline.com.br/

Pois é, existe a tá aí, totalmente adaptada aos novos tempos em que as pessoas não tem mais tempo...

Bom, o tempo existe mas será que o problema está nele?
Ou na falta dele?
Qual o lugar de nossas escolhas do que fazemos com o nosso tempo?
O que nos resta é refletir quais demandas são essas de tempo, de trabalho, de produção, de rendimento, e de onde vem essas demandas.

Encontrei um brilhante artigo chamado A Desregulação da Psicanálise, onde a autora Cibele Prado Barbieri do Círculo Psicanalítico da Bahia faz uma crítica perspicaz sobre a propósta da PSICANÁLISE ONLINE e levanta  questões como o lugar do analista, como ocorreria a transferência, como essa relação se daria, o que se perde, o que se ganha e o que se transformaria nesta prática e ainda, se esta poderia carregar consigo o "psicanálise" no nome.

Além disso, a autora questiona qual seria o lugar da psicanálise na universidade e como a psicanálise porta-se frente as demandas de uma academia.

Postarei apenas uma parte do texto mas confiram o artigo na íntegra no próprio site:
http://www.cbp.org.br/artigo19.htm

 

A Desregulação da Psicanálise


Por Cibele Prado Barbieri -Círculo Psicanalítico da Bahia

Há algum tempo recebi a indicação de uma página da Internet onde se podia ler o seguinte: "Algo o incomoda?...Precisa de ajuda? ...Você não precisa sair de casa para fazer terapia. ... Psicanálise "On-line".

Parecia uma brincadeira, uma piada de Internet, mas quando o horror se dissipou percebi que a coisa era séria. Hoje podemos encontrar numa outra página uma definição:

O QUE É A PSICANÁLISE ON-LINE?
 A psicanálise on-line, agrega a todos os preceitos consagrados na psicanálise clássica, novos mecanismos de trabalho, utilizando-se das possibilidades que a moderna tecnologia lhe oferece, a exemplo de outras formas de terapia que já utilizam esta modalidade. Há nesta forma de trabalho, vantagens que devem ser destacadas como: permitir o acesso a clientes que moram em locais onde não há psicanalistas ou clientes que não querem ou não aceitam ir ao consultório, oferecer flexibilidade nos horários, permitir maior abertura emocional e oferecer preços menores que a média cobrada pelos psicanalistas tradicionais.
(
http://www.psicanalise.online.nom.br/, acesso em 26 de agosto de 2005)

Na era do instantâneo, do industrializado e dos transgênicos, era da profissionalização, da globalização e da informatização, a "Psicanálise On-line" é o extremo de um processo de encaixotamento do saber e do fazer para "pronta entrega".


Para caber (encaixar) nesse barato e exíguo caixote, é preciso amputar tantas partes desse corpo que, ao final, o saber encaixotado já perdeu sua essência, sua vida e sua ação. É o caso de se dizer que "o barato sai caro".

É semelhante a uma industrialização do produto "psicanalista", oferecido numa embalagem atraente, supostamente fácil, instantânea, prática, que só exige que o indivíduo – desprezando-se o sujeito – engula ou use na forma hoje corrente do "faça você mesmo" com um mínimo esforço.

Estas instituições que se dizem psicanalíticas e ortodoxas, utilizam as técnicas mais modernas de marketing de rede para vender seus cursos, propondo a formação de psicanalistas em série e em progressão geométrica, sob o argumento de que a psicanálise está morrendo e precisamos formar novos contingentes de analistas para dar vida à psicanálise. Reivindicam, ainda, a regulamentação profissional do Psicanalista de acordo com seus princípios e interesses. Mas estes princípios e interesses se baseiam num saber encaixotado do qual foi amputado o próprio coração.

Isso tem promovido um questionamento dentro da sociedade como um todo a respeito do que é e o que não é psicanálise e um dilema entre os psicanalistas.

Nosso dilema é não apenas desenvolver todo um esforço conjunto para barrar os projetos de lei mais estapafúrdios que chegam ao Congresso Nacional, mas também formular um discurso comum a todas as instituições psicanalíticas, para além das diferenças existentes, que possa efetivamente separar o joio do trigo.

O problema da regulamentação não é um episódio especificamente brasileiro, nem tampouco atual. Ele vem afetando a Europa há mais de 10 anos e já atingiu outros países do nosso continente, como a Argentina, por exemplo. A regulamentação já existe em países como a Itália e a França, sendo que na França a psicanálise entra como um item no rol das psicoterapias. Essa mobilização produziu um movimento que se denomina Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras constituído por 30 entidades que se reúnem periodicamente para discutir e definir estratégias e decisões em relação ao assunto.


A situação atual nos coloca diante de uma difícil escolha: devemos lutar pela não regulamentação para assim defender a liberdade de ação dos psicanalistas e proteger o legado freudiano, ou criar um regulamento para preservar a psicanálise e as instituições psicanalíticas dos oportunistas, mesmo correndo o risco de promover um certo engessamento?

Os fatos que vivemos nos pressionam no sentido da regulamentação, tendo em vista o uso e o abuso que se tem operado em torno e às custas do significante Psicanálise, não só por conta das instituições supostamente psicanalíticas que, promovendo formação e desinformação em massa, deturpam e difundem conceitos e práticas distorcidas sob o rótulo de Psicanálise. As universidades também têm dado sua contribuição para colocar no mercado supostos analistas, sob a proteção de cursos acadêmicos que outorgam títulos de especialização, mestrado e doutorado em Psicanálise.

Mais além dos inegáveis benefícios do reconhecimento da Psicanálise, o advento da psicanálise na Universidade nos trouxe, pelo menos, um efeito adverso: a facilitação do exercício da clínica sem o fundamento de um estudo aprofundado, da análise pessoal e da supervisão clínica. Sabemos do cuidado com que certas universidades tratam de esclarecer que tais títulos não garantem o exercício da Clínica Psicanalítica, mas parece que não todas... Mas, mesmo que o façam, não há como evitar que o portador de um título universitário que qualifica um mestre ou doutor, se outorgue o direito de nomear-se psicanalista, apoiado neste título e até fundamentado num entendimento, equivocado ou tendencioso, dos próprios aforismos psicanalíticos. Dessa forma, o que vemos na prática é que o tripé clássico da formação, tradicionalmente sustentado pelas instituições psicanalíticas que se prezam, cai em desuso, fica amputado, dispensado de ser cumprido.

Assim, um estudante que complete uma determinada carga horária de aulas e leituras de textos psicanalíticos e que mostre ser capaz de defender uma argumentação com alguma propriedade, recebe o título de especialista, mestre ou doutor em Psicanálise e sai por aí se intitulando psicanalista, atendendo e ensinando.

É o que vem acontecendo com professores universitários que, credenciados por esses títulos, patrocinam propostas inusitadas como a de uma faculdade de Psicologia que inclui em seu currículo a disciplina intitulada "Observação em Psicanálise", aulas práticas de Psicanálise.

A faculdade oferece atendimento terapêutico dito psicanalítico e exige, em contrato assinado no início do tratamento, que o paciente aceite submeter-se à análise num ambiente equipado com espelhos falsos através dos quais os estudantes possam assistir às sessões para posterior discussão.
(...)



Confira o artigo na íntegra em:
http://www.cbp.org.br/artigo19.htm



Por: Karine Ferreira- Graduação em Psicologia UFRJ
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